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Curso Arte, ação e pensamento anti colonial

17 a 21 de setembro | 17h

Confira a lista de selecionados em http://bit.ly/CursoArteAnticolonial

O Brasil é um país diverso na sua configuração estrutural, seja em termos raciais, de classe ou de gênero, e portanto, trabalhar a questão da diversidade no escopo de atividades de um museu significa dar protagonismo a pessoas e narrativas silenciadas historicamente e avançar no sentido da democracia cultural. O comprometimento do MAR com a questão da diversidade tem ressonância em todos os níveis de sua atuação de forma permanente e se reflete em ações afirmativas e de reparação histórica em relação a homens e mulheres negras e aos povos indígenas. Nesse sentido, o curso Arte, ação, e pensamento anticoloniais visa promover um espaço de aprofundamento das discussões sobre a perspectiva anticolonial, nos seus diverso aspectos e de contato com a obra de escritores, artistas e poetas, homens e mulheres negros. O curso contou com a colaboração das pesquisadoras Mariah Rafaela Silva e Ana Carolina Assis, que organizaram mesas a partir de suas pesquisas acadêmicas. Constitui-se ainda como atividade de encerramento da exposição Rosana Paulino: a costura da memória, realizada pelo MAR em parceria com a Pinacoteca do Estado de São Paulo, na medida em que foi desenhado a partir das questões discutidas pelo trabalho da artista; e busca dar continuidade às ações envolvidas na parceria com a FLUP – Feira Literária das Periferias, que deu origem à diversos processos de formação e ao seminário FLIP FLUP – Arte, ação, e pensamento anticoloniais.

PROGRAMAÇÃO:

• 17 de setembro, terça-feira | 17h às 20h
Por uma praxis anticolonial, com Claudia Miranda

O que seria assumirmos descaminhos de intervenções e práxis anticoloniais, tendo como horizonte as lutas dos movimentos sociais e as agendas antirracistas? Como a Diáspora Africana e os povos originários (sobretudo na América Latina) são exemplos e desenvolvem tecnologias de resistência? A perspectiva decolonial exige percursos coletivos para novas aprendizagens localizadas no âmbito das dinâmicas dos movimentos sociais e persegue práxis anticoloniais. No chamado Terceiro Mundo, os processos comunitários, valorizados por observadores/as como Lélia González (Brasil), Vandana Shiva (Índia), Nelson Mandela (África do Sul), Amílcar Cabral (Guiné-Bissau e Cabo Verde), Orlando Fals Borda (Colômbia), Paulo Freire (Brasil), Sueli Carneiro (Brasil), Aníbal Quijano (Peru) e Silvia Rivera Cusicanqui (Bolívia) são, também, os mesmos que nos influenciam a rever o escopo político-epistemológico, legitimado socialmente. Nesse sentido, podemos interpretar a decolonialidade como uma recomposição latino-americana, um exercício que depende da compreensão dos percursos de lutas coletivas, sobretudo de segmentos historicamente desautorizados e consequentemente invisibilizados. Como campo político e de disputa de sentidos, visa romper com os cânones que interrompem a existência dos povos originários e das populações negras na Diáspora Africana.

• 18 de setembro, quarta feira | 17h às 20h
Como escutar o Falatório? Poesia e performatividade em Stela do Patrocínio, com
Natália Grilo, Silvia Barros e Ana Carolina Assis (organização, mediação e debate)

A massa textual de Stela do Patrocínio, seu “falatório”, nos coloca um problema: como escutar? Existe o livro “Reino dos bichos e dos animais é o meu nome” (organização Viviane Mosé, Azougue, 2009), que traz as falas de Stela cortadas em versos e apresentadas como poemas. Para pesquisadorxs, artistas, professorxs, pessoas que leem, pensam e escrevem sobre Stela, é preciso pensar como ler, escrever e fazer circular essa voz. A presença dx outrx em Stela é evidente, seja pela escuta de vozes por conta de sua condição esquizofrênica, seja pela relação com quem estavam à sua volta no espaço de internação, dentre outros atravessamentos. Nessa aula conversaremos sobre quem é a Stela, como temos acesso a seu trabalho hoje e o que é possível fazer para que sua voz circule.

• 19 de setembro, quinta-feira | 17h às 20h
Presença do negro nas artes visuais no ocidente: o caso brasileiro, com Rosana Paulino

O encontro tem como função discutir, de forma breve, as representações da população negra na arte do ocidente e como estas personificações ajudaram a construir um imaginário coletivo para este grupo, contribuindo, desta forma, para a instalação do racismo ou para, em alguns momentos, tornar menos ameaçadora a visão do “diferente”, visando sua acomodação à sociedade. Será dada ênfase ao desenvolvimento desta questão no Brasil. Pretende-se ainda discutir como esse imaginário sobre a população negra foi também forjado com a ajuda das artes visuais e como isto reflete, até os dias de hoje, no senso comum construído sobre negros e negras no Brasil.

• 20 de setembro, sexta feira | 17h às 20h
Estamira: corpos que pesam, vidas que importam, com Valéria Lima, Fátima Lima, Maria Elvira Diaz-Benitez, Thainá de Paula, Mariah Rafaela Silva (organização e mediação) e Ludmila Lis (prelúdio e póslúdio poético)

A partir do pensamento de Estamira, personagem do documentário de Marcos Prado (2006) que leva seu nome, esta aula reunirá mulheres negras de saberes diversos para discutir, tendo em vista as opressões vividas pelos corpos periféricos, estratégias de enfrentamento às demandas atuais em raça, gênero, sexualidade e território. Visa ainda a construção de políticas de diminuição das assimetrias sociais em aspectos como saúde, cultura, segurança, trabalho, direito à moradia e sexualidade.

• 21 de setembro, sábado | 17h às 20h
Apresentação do monólogo “Eu, amarelo: Maria Carolina de Jesus”, com Cyda Moreno
Seguido de debate com a atriz e o dramaturgo Elissandro de Aquino

O monólogo apresenta um retrato contundente da ex-catadora de papel que se transformou na maior escritora negra do país do século XX. Carolina Maria de Jesus devotava a sua vida a um propósito: seu amor à literatura que a fez tirar do lixo as palavras, e das palavras, uma forma de combater as desigualdades do mundo. O livro “Quarto de Despejo” serviu de base para a adaptação teatral e evidencia as inquietudes sociais e as experiências emocionais de quem vive na falta. Também aponta a trajetória ímpar da escritora que deixou mais de 4.500 páginas em seus manuscritos. Ainda a espera de publicação. O texto, com dramaturgia de Elissandro de Aquino, apresenta fragmentos do amplo legado de Carolina por meio de Quarto de Despejo, Diário de Bitita, Casa de Alvenaria, pesquisa biográfica e provérbios. Dramaturgia: Elissandro de Aquino. Direção: Isaac Bernat