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Da natureza das coisas – Pablo Lobato

O Museu de Arte do Rio apresenta a primeira exposição individual do mineiro Pablo Lobato na cidade. Com cerca de 40 obras, Da natureza das coisas – Pablo Lobato convida o público a uma experiência sobre a constituição das coisas e das imagens, atentando para as singularidades de suas “naturezas”. São vídeos, fotografias, instalações, objetos e uma publicação que traduzem o desejo do artista em lidar com a imanência e a experiência das coisas em estados de menor intervenção e manipulação pelo outro, lançando um olhar que desconstrói fluxos, dinâmicas e situações do cotidiano às quais estamos acostumados. As obras propõem cortes – físicos, simbólicos, políticos e espaço-temporais que buscam “liberar sentidos”.

Para tanto, o artista problematiza as ideias de temas, narrativas ou vocações de totalidade. Pablo Lobato explora a linguagem do cinema sem ter a ambição de contar histórias. Portanto, a intenção é aproximar o visitante de experiências que o levem a outras formas de perceber. Em uma das obras, a instalação Expiração, o artista cria uma espécie de máquina para expirar (desarquivar e excluir) imagens. Sabendo que as cenas deixarão de existir ao fim da exibição, o espectador tem sua capacidade de percepção aguçada e, com isso, se lança com maior radicalidade à experiência da imanência – até que reste apenas um único frame branco e a reflexão sobre o lugar da imagem no mundo.

Expandindo esse campo de investigação, Pablo apresenta RUA, pesquisa com fotografias que documentam pequenos arranjos criados organicamente nos interstícios dos dias das cidades, sem qualquer tipo de intervenção, como galhos que se amontoam após a chuva para criar instalações naturais ou ruinas que são resultado do tempo. Ao se apropriar dessas situações pré-existentes ao invés de optar por gestos definidores – e, por vezes, autoritários perante as especificidades da matéria –, o conjunto de imagens que compõe RUA questiona o papel do artista e do olhar, convidando o público a embarcar nessa reflexão por meio da publicação homônima ao projeto, bem como através de uma série de objetos que dele derivaram. Objetos que, com base em cortes e aproximações, apresentam uma nova perspectiva que vai além do interior das coisas: elas tensionam e rearranjam os gestos de ordenamento do mundo.

Por fim, Pablo Lobato se apropria do conceito de inframince, criado por Marcel Duchamp, para forçar o visitante a não só lidar com as faces que se apresentam horizontalmente como com a lateralidade das coisas, por menor que sejam – como a de uma folha de papel, por exemplo. Para isso, na série Frontlight, o artista fotografa outdoors por esse ângulo, transformando grandes estruturas em simples feixes de luz.

Com curadoria assinada por Clarissa Diniz, Da natureza das coisas – Pablo Lobato dá continuidade ao programa expositivo do MAR dedicado a artistas cuja obra é pouco vista no eixo Rio-São Paulo, advindos de contextos de pouca institucionalização e mercado, onde, portanto, a produção artística se dá como um corte na lógica social. Para marcar a abertura, Pablo Lobato e a curadora participam de uma Conversa de Galeria no dia 26 de abril, terça-feira, às 11h. A mostra fica em cartaz até 18 de setembro no andar térreo do Pavilhão de Exposições.