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Rossini Perez, entre o Morro da Saúde e a África

A trajetória de Rossini Perez vem ao encontro do MAR nesta exposição. Paulo Herkenhoff é o diretor cultural do MAR e a exposição conta com a curadoria de Maria de Lourdes Parreiras Horta, Marcelo Campos, Marcia Mello, e projeto expográfico de Luís Antonelli. O artista desvela um olhar atento às ordenações geopolíticas das cidades e do mundo. A mostra Rossini Perez, entre o Morro da Saúde e a África torna visíveis os interesses partilhados entre o artista e o MAR: o papel dos museus na educação e na formação artística; a arte como testemunha e agente das transformações da cidade e suas formas de sociabilidade; a função da arte no âmbito das forças políticas em nível local e global, da diplomacia cultural internacional às práticas de resistência do cotidiano e a relevância do ato de colecionar, dentre outros aspectos.

Essa coincidência de perspectivas completa-se na vivência do artista na região portuária, onde morou e trabalhou por décadas, e cujos morros, favelas, comunidades e ascendência africana foram seus principais temas. O MAR se encontrou com a região do porto com as mostras Yuri Firmeza – turvações estratigráficas, Do Valongo à Favela: imaginário e periferia e com o programa Vizinhos do MAR. Rossini Perez abre novas direções nessa trajetória. Se o Valongo era, por aqui, o grande cais da escravidão, agora o adjacente bairro da Saúde será o repouso de um retorno ético proposto por Rossini Perez.

Carioca de adoção, Rossini Perez criou um método investigativo próprio para a cidade. É um antropólogo urbano com olhar fotográfico, revelando um Rio de Janeiro onde os escombros se misturam com a beleza das construções e das praças da região do porto, em imagens guardadas no acervo do artista ou pertencentes ao Instituto Moreira Salles (IMS). As afinidades eletivas de Rossini Perez são por ele aqui celebradas com gravuras de Lívio Abramo, Fayga Ostrower, Anna Bella Geiger, Anna Letycia, Edith Behring, Thereza Miranda e Johnny Friedländer.

O MAR agradece ao sempre generoso Rossini Perez a doação de um conjunto expressivo de obras e objetos que testemunham sua trajetória intelectual e estética. Sua produção está na Biblioteca Nacional, no Museu Nacional de Belas Artes, no MAM/RJ e no MAM/SP, no Instituto Moreira Salles, na Bibliothèque Nationale de France, no Museu Oscar Niemeyer, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, no Museu Nacional de Soares dos Reis (Portugal) e em significativas coleções privadas. Para a realização desta exposição, contamos com a colaboração dessas instituições e de colecionadores que ao longo dos anos estabeleceram uma relação de proximidade com Rossini Perez, como Ugo e Bárbara Sorrentino e Cesar Aché. Para o MAR, fortalecer as parcerias entre instituições e coleções privadas é política prioritária, estimulando a participação da sociedade na constante reinvenção da vida simbólica da cidade. Missão à qual Rossini Perez, entre a África e a Saúde,
dedicou sua vida.

Carlos Gradim
Diretor-presidente do Instituto Odeon
Museu de Arte do Rio – MAR

O artista desvela um olhar atento às ordenações geopolíticas das cidades e do mundo.