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A individual “Têta” abre ao público no Dia Internacional dos Museus, 18 de maio

Esculturas e instalações suspensas que, através de tramas e elementos têxteis, apresentam ao público a força da manufatura na arte contemporânea brasileira. Essa é poética encontrada nas obras criadas pela artista paranaense Lidia Lisbôa, em cartaz no Museu de Arte do Rio (MAR) a partir deste sábado, 18/05, Dia Internacional dos Museus.

A exposição “Têta”, primeira individual da artista na instituição, apresenta cerca de 30 obras, com curadoria de Amanda Bonan, Marcelo Campos, Amanda Rezende, Thayná Trindade e Jean Carlos Azuos e terá algumas obras inéditas comissionadas pela instituição. A mostra faz parte do “Mulheres no MAR”, programa que visa ampliar a exibição da arte produzida por artistas brasileiras. Essa é a terceira exposição do projeto, que iniciou com a individual “Ònà Irin: Caminho de ferro”, de Nádia Taquary, e recentemente com “Pamuri Pati: Mundo de Transformação”, de Daiara Tukano.

Úteros, tetas, cordões umbilicais e cupinzeiros fazem parte da poética da artista Lidia Lisbôa. Com uma pesquisa que perpassa o território ancestral e o corpo feminino, a artista convida o público a uma imersão em suas obras. “Lidia é uma mulher negra que se aproxima do que, poeticamente, se vinculou ao feminino nas artes, principalmente a questão têxtil e a própria pesquisa sobre a argila. Em tudo é uma obra muito próxima das mãos, do fazer manual, mas com o pensamento contemporâneo ampliado. Ela instala, pendura, espalha no chão, faz em quantidade e acumula. O ateliê de Lidia é constituído de elementos de costura como tecidos e retalhos, botões, filós, todos os elementos que a gente encontraria num ateliê de costura. Mas é importante dizer também, que há neste lugar uma escolha muito assertiva dela nesses materiais, ou seja, ela compra os rolos de tecido, não é somente um material de coleta ou descarte. Isso dá à própria obra da Lidia o elemento da escolha, sobre a qual a noção de uma colcha de retalhos não se enquadraria”, afirma Marcelo Campos, curador-chefe do MAR.

O Museu de Arte do Rio é um equipamento da Prefeitura do Rio de Janeiro, de responsabilidade da Secretaria Municipal de Cultura, gerido pela Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI). A mostra ficará em cartaz até 8 de setembro e ocupa o térreo do pavilhão de exposições. A prática da artista se desenvolve em suportes distintos e suas instalações escultóricas trazem elementos como crochê, macramê e costura. “O MAR tem a vocação de ser um espaço plural e pulsante, onde o pensamento extrapola os sentidos. E é isso que Lidia Lisbôa transmite em suas produções, quando valoriza a força da figura feminina e a coloca em sintonia com a arte contemporânea brasileira ao mesmo tempo em que nos inquieta com as paisagens do corpo e da memória para além do que se vê”, afirma Leonardo Barchini, diretor da OEI no Brasil.

Obras

O público que visitar o térreo do Pavilhão de Exposições do MAR irá encontrar obras da série intitulada “Tetas que deram de mamar ao mundo”, cuja produção foi iniciada em 2011. Tratam-se de esculturas têxteis de grandes dimensões que são alçadas ao teto e caem próximas ao chão, numa forma que remete aos seios femininos. A exposição apresenta ainda seus trabalhos escultóricos, em especial, a série Cupinzeiros. Dos cordões umbilicais de seus irmãos que viu sendo cortados no parto aos cupinzeiros que observava na juventude interiorana, Lisbôa costura e transforma suas memórias em arte.

Lidia Lisbôa

A artista nasceu em 1970 na cidade de Terra Roxa, no Paraná. Aos 6 anos de idade, iniciou sua imersão no mundo do crochê ao lado de familiares cujos ensinamentos serviram de influência poética no mundo dos tecidos. Após ter se mudado para São Paulo, em 1986, Lidia Lisbôa trabalhou em um ateliê de alta costura e, em 1991, iniciou sua produção artística. Obteve formação de Gravura em Metal pelo Museu Lasar Segall, escultura contemporânea e cerâmica no Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE) e no Liceu de Artes e Ofícios. Cursou Gravura em metal no Museu Lasar Segall, escultura contemporânea no Museu Brasileiro de Escultura (MuBE), cerâmica no Liceu de Artes e Ofícios e História da Arte no Museu de Arte de São Paulo (MASP). A prática de Lidia Lisbôa se desenvolve em suportes distintos, sobretudo a escultura, o crochê, em performances e em desenhos. Sua pesquisa tem a tessitura de biografias como eixo fundamental, percorrendo os polos do corpo e da memória ao utilizar matérias nas quais se imprime a manufatura produzida pela artista. Resultado de uma prática artística constante que se mistura à vida, na obra de Lisbôa, a costura e a criação de narrativas se colocam como exercício de construção subjetiva e, portanto, de cura e ressignificação. É artista representada pela Galeria Millan e participou de exposições nacionais e internacionais. Recentemente foi uma das artistas que participou da exposição “Atlântico Vermelho”, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça.

 

Serviço:

TÊTA – Lidia Lisbôa

Museu de Arte do Rio / MAR: Praça Mauá, 5 – RJ

Abertura: 18 de maio, 11h

Visitação: de 18 de maio a 8 de setembro

Funcionamento: de terça a domingo, das 11h às 18h (última entrada às 17h)

R$ 20 (inteira); R$ 10 (meia) – às terças-feiras com entrada gratuita

Classificação indicativa livre