No próximo sábado (14), o Museu de Arte do Rio (MAR) lança a sétima edição da publicação “O olhar dos vizinhos no jornal da zona”, o Jornal dos Vizinhos. A iniciativa é da Escola do Olhar, polo educacional da instituição que, desde 2017, idealiza a escrita e produção de periódicos que apresentam histórias da Zona Portuária do Rio de Janeiro. A nova versão da publicação toma os caminhos e vielas como referência estética e social, com fios que juntam as páginas e narrativas ali apresentadas. As maneiras como se formam os coletivos e redes de articulação são temas trabalhados na publicação, que traz para o centro do debate pessoas vizinhas do Museu que produzem, impactam e incentivam dentro e fora de seus territórios. Traçando perfis sobre estes líderes e seus projetos de resistência e ação social, o jornal também tem buscado criar vínculo com leitores mirins através de uma linguagem que se comunique com os pequenos.
A edição de 2024 é dividida em cinco seções: “Ofícios e Saberes”, “Memórias”, “Relíquias”, “Referências” e “Movimentos”. Na primeira, três projetos feitos por e para mulheres são apresentados: Instituto AYÓ, Providenciando e Elas por Elas. Os dois primeiros acolhem aquelas que estão em vulnerabilidade social e fomentam o empreendedorismo para a emancipação feminina. Já o terceiro atua com trabalhadoras informais, especialmente ambulantes, dando suporte e auxílio às dificuldades enfrentadas. A inserção das trabalhadoras é uma reparação histórica que lança luz sobre as ancestrais africanas que trouxeram o comércio de quitutes, panos da costa e outras mercadorias para os tabuleiros das ruas cariocas e desenvolveram saberes em torno desse ofício secular.
Em “Memórias”, a linguista Conceição Evaristo assina um texto sobre a Casa Escrevivência que, no Largo da Prainha, reúne o grande acervo bibliográfico de intelectuais negros referenciados e estudados pela mineira ao longo da vida. Também no capítulo, a ativista Fabiana Keller conta a história do Caju Cultural, que fomenta a pesquisa e o turismo no bairro. Na seção “Relíquias”, um dispositivo de mediação desenvolvido pela Escola do Olhar em parceria com o coletivo Mulheres Independentes da Providência (MIP) é lançado: no jogo de cartas “Relíquias do Território”, 10 referências femininas da Zona Portuária têm suas histórias contadas.
O coletivo parte do individual e o capítulo “Referências” traça perfis de duas líderes que não são institucionalizadas, ou seja: que não lideram algum coletivo em específico. Nestas páginas os leitores conhecerão Bombom e Tassiana Nascimento, cujas ações são voltadas a pessoas em situação de rua e crianças. Por fim, “Movimentos” referencia os movimentos sociais e do corpo: Santo Skate, Diamantes da Favela e Bom de Bola, Bem na Escola são projetos voltados para o público infanto-juvenil que têm o esporte como instrumento de transformação.
O lançamento é no sábado (14) e a programação, 100% gratuita, envolve apresentações dos coletivos apresentados na publicação, rodas de conversa, espaço para crianças, lançamento do jogo “Relíquias do Território” e uma homenagem à Dona Luziete Fernandes, a quem esta edição é dedicada: mãe, empreendedora, crítica, contadora de histórias, educadora, quituteira e vizinha do MAR que faleceu em outubro após uma vida marcada por carinho, dedicação e afeto.
SERVIÇO:
Museu de Arte do Rio
Praça Mauá, 5
Lançamento Jornal dos Vizinhos
14 horas