Escrever sobre Elisa Martins da Silveira (1912-2001) é, ao mesmo tempo, debater a perspectiva do moderno acerca da produção de arte no Brasil nas décadas de 1950 e 1960 e se enveredar por uma historiografia cambaleante sobre artistas que ainda se mantêm na periferia, apesar de sua contribuição inestimável para uma visão heterogênea da arte brasileira.
Elisa participou de um dos primeiros grupos de vanguarda abstrata no Brasil nos anos 1950 – o Grupo Frente –, foi laureada com prêmios na Bienal de São Paulo e teve o suporte de críticos e artistas como Mario Pedrosa e Ivan Serpa, de quem foi aluna. Apesar disso, era identificada por boa parte do meio intelectual como uma artista ingênua ou primitiva. É uma pintora quase esquecida – e imerecidamente.
Devido ao curto período de treinamento artístico formal, à sua origem nordestina e às características formais e temáticas de seu trabalho, sua obra foi classificada pela historiografia como “naïf ”, deslocando-a para um plano rarefeito e distante.
Elisa Martins da Silveira: “arte naïf” posta em questão investiga, por meio da análise de uma parcela de suas obras, os anos de trabalho dessa artista piauiense, que começa a pintar por volta dos 40 anos de idade.
Inicialmente, sua produção consegue integrar uma discussão sobre arte de vanguarda e ser rapidamente legitimada e institucionalizada. Mas, passados setenta anos desde sua segunda premiação pela Bienal de São Paulo (1955), quem conhece a obra de Silveira? Por que seu nome permanece pouco discutido na historiografia contemporânea e por que até mesmo o circuito de arte praticamente a negligenciou?
Discutir sua obra, inserida no que era moderno nos anos 1950 e 1960, bem como a forma como foi recebida e problematizada nos anos seguintes, é uma das chaves e motivo deste livro.
Lançamento + conversa de galeria
terça-feira, 25 de março, das 15h às 18h
15h – Início da conversa / 16h – Lançamento do livro
Museu de Arte do Rio