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Casa Carioca: curadores indicam livros que inspiraram a próxima grande exposição do MAR

Próxima exposição de longa duração do Museu de Arte do Rio – MAR, “Casa Carioca” ainda não tem data de abertura – adiada em função da pandemia do novo coronavírus – mas já está acontecendo online. Iniciada em abril, a campanha #CasaCariocaMAR leva para as redes sociais conteúdos inéditos relacionados à mostra coletiva, que reunirá cerca de 800 obras em torno de temas relacionados à casa e ao habitar no Rio de Janeiro e no Brasil e fará parte da programação cultural do Congresso Mundial de Arquitetos – UIA 2021. A curadoria é de Marcelo Campos, curador chefe do MAR, e Joice Berth, arquiteta, urbanista e ativista do movimento feminista negro.

Aos domingos, no Instagram, Facebook e Youtube, são publicados vídeos de artistas em que eles comentam seu processo criativo e antecipam detalhes das obras que apresentarão na exposição. Entre os artistas que já enviaram vídeos estão novíssimos nomes da arte brasileira, como Yhuri Cruz, max villà morais, MIllena Lízia e Érica Magalhães e Mulambö. 

Durante a semana entram em cena obras de arte e dados levantados na pesquisa da exposição, como o fato de que apenas 15% das casas brasileiras são construídas por arquitetos. A grande maioria se enquadra no que os especialistas chamam de autoconstrução, quando o próprio morador comanda a obra com a ajuda de parentes e vizinhos.

Também já foram realizadas duas lives no Instagram e outras devem acontecer até nas próximas semanas. Ainda em abril, os curadores Marcelo Campos e Joice Berth conversaram ao vivo sobre questões centrais da exposição, como sociabilidade, o papel da mulher como chefe de família e direito à moradia. A gravação da conversa está disponível no IGTV do museu. (clique aqui para assistir) 

Para o público se aprofundar nos tema de “Casa Carioca”, a equipe de curadoria e pesquisa da exposição selecionou uma lista de livros, artigos e outras referências. Boa parte ser encontrada online.

Confira a lista a seguir.

Cidade Partida. Zuenir Ventura. Editora Companhia das Letras, 1994.
Para conceber esta obra, o jornalista e escritor Zuenir Ventura visitou a freqüentou a favela de Vigário Geral, conhecida pela chacina de 21 pessoas em agosto de 1993, durante dez meses. Conviveu com um outro pólo da cidade, onde há a predominância da violência e criminalidade e, ao mesmo tempo, acompanhou ativamente a mobilização da sociedade civil contra a violência, que resultou no movimento Viva Rio, trazendo dicotomias e nuances da cidade.
A Casa e a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Roberto Damatta. Editora Rocco, 1997.
O antropólogo Roberto Damatta parte da análise da experiência do espaço público e do espaço privado segmentados em quatro capítulos - Espaço, Cidadania, Mulher e Morte -, onde a casa e a rua não representam apenas o espaço físico, mas um modo de organização, um modo de pensar, um posicionamento. O autor nos convida a pensar sobre a intrincada teia de relações que forma o universo brasileiro a partir dessas reflexões.
Quarto de despejo. Carolina Maria de Jesus, Editora Ática, 1960.
O livro conta com os relatos do cotidiano escritos em um diário pela catadora de papel Carolina Maria de Jesus na favela do Canindé, em São Paulo, onde sustentava três filhos com seu ofício e escrevia em seus cadernos sobre a questões como a fome e a invisibilidade social. Carolina foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil e é considerada uma das mais importantes do país.
O Fenômeno Urbano. Organização e Introdução de Otávio Guilherme Velho. Editora Zahar, 1967.
A publicação, com organização e introdução do antropólogo Otávio Guilherme Velho reúne alguns dos estudos mais significativos já publicados até hoje sobre o fenômeno urbano de importantes nomes como George Simmel e Max Weber. Os temas dos estudos se aprofundam sobre questões do urbanismo como modo de vida e da cidade.
Tebas, um negro arquiteto na São Paulo escravocrata. Abílio Ferreira; Carlos Gutierrez Cerqueira; Emma Young; Ramatis Jacino e Maurilio Ribeiro ChiarettI
Realização IDEA- Instituto para o Desenho Avançado em parceria com CAU/USP, 2019. O livro traz uma série de cinco abordagens sobre a vida e a obra do negro arquiteto Joaquim Pinto de Oliveira, 1721 - 1811, apelidado de “Tebas” pelos moradores da São Paulo escravocrata do século XVII. A CAU USP disponibiliza o livro em PDF completo.
Origens da habitação social no Brasil: Arquitetura moderna, Lei do Inquilinato e difusão da casa própria.
Nabil Bonduki, Editora Estação Liberdade, 2017. Origens da habitação social no Brasil' é uma análise histórica da habitação popular no país no período que precede a ditadura militar. Nesta obra, o autor traça um painel do desenvolvimento urbano no Brasil na primeira metade do século, buscando identificar as origens do crescimento caótico e os primórdios da transformação da habitação em uma questão social, baseando-se em seus aspectos arquitetônico, urbanístico, sociológico e de história econômica.
500 anos da casa no Brasil: as transformações da arquitetura e da utilização do espaço de moradia.Francisco Salvador Veríssimo e William Seba Mallmann Bittar, Ediouro 1999.
A evolução do espaço de habitar no Brasil desde seu descobrimento e a influência dos colonizadores europeus, dos nativos e dos africanos na ocupação deste espaço é o tema deste livro.
As Religiões no Rio. João do Rio. Editora Nova Aguilar, 1976.
Publicado inicialmente como reportagem, As religiões no Rio desenvolve um levantamento dos mistérios das crenças no Rio de Janeiro do século XX. João do Rio, um dos precursores da crônica no Brasil, responsável por elevá-la à categoria de gênero literário, reúne neste livro uma série de entrevistas com personagens de diversas religiões, oferecendo uma obra de caráter histórico e etnográfico, pioneira, singular e atemporal.
A Produção Capitalista da Casa (e da Cidade) no Brasil Industrial. Ermínia Maricato, Editora Alfa Omega, 1982.
A publicação reúne estudos sobre temas como o uso do solo urbano e a questão da autoconstrução como uma arquitetura possível. Nomes como Paul Singer e Gabriel Bolaffi tratam sobre a urbanização e seus processos. Maricato disponibiliza a obra em PDF em seu site.

OUTRAS REFERÊNCIAS

  • Um palacete assobradado”: da reconstrução do lar (materialmente) à reconstrução da ideia de “lar” em uma ocupação de sem-teto no rio de janeiro. Marianna Fernandes Moreira, 2001.
  • Das casas às roças: comunidades de candomblé no Rio de Janeiro desde o fim do século XIX. Roberto Conduru, Revista Topoi v. 11, 2010.
  • Os candomblés antigos do Rio de Janeiro: A nação Ketu: origens, ritos e crenças. Agenor Miranda Rocha. Editora Topbooks, 1994.
  • Brazil builds : architecture new and old,1652-1942. Philip Lippincott Goodwin, Publicação The Museum of Modern Art, 1943.
  • Iconografia das Favelas Cariocas: uma História de Omissão e de Recuperação. Maria Lais Pereira da Silva e Tainá Reis de Paula, 2005.
  • Empregadas domésticas e relações de trabalho nos loteamentos fechados de Presidente Prudente-SP.Silvia Correia, 2010.
  • Direito à moradia. Raquel Rolnik. Revista Desafios do Desenvolvimento, Edição 51, 2009.
  • Contra-Usos Da Cidade: Lugares e espaço público na experiência urbana contemporânea. Rogerio Proença, Editora Universidade Estadual De Campinas. Unicamp 2004.