No final de semana em que Vinicius de Moraes completaria 112 anos, o Rio de Janeiro recebe uma grande homenagem a um de seus filhos mais ilustres. A exposição Vinicius de Moraes – por toda a minha vida será aberta ao público no dia 18 de outubro (sábado), no Museu de Arte do Rio (MAR), e ficará em cartaz até 3 de fevereiro de 2026 (terça-feira).
Com curadoria de Eucanaã Ferraz e Helena Severo, a mostra reúne mais de 300 itens entre manuscritos, fotografias históricas, vídeos, livros raros, capas de discos, objetos e documentos pessoais, instrumentos musicais, esculturas e obras de arte de artistas amigos de Vinicius. Após passar pelo Farol Santander São Paulo e Farol Santander Porto Alegre, a exposição chega ao Rio de Janeiro em um novo projeto expográfico, com acervo ampliado e peças exclusivas, oferecendo ao público um retrato ainda mais abrangente de um dos maiores poetas e compositores brasileiros.
A exposição Vinicius de Moraes – por toda a minha vida é apresentada pelo Ministério da Cultura e Santander Brasil, em parceria com a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, com realização da Flor de Manacá e produção da AYO Cultural e V-Arte.
“Vinicius de Moraes foi um dos construtores do Brasil moderno – aquele que se reconhece na poesia, na música, no afeto e na liberdade. Sua obra atravessa o sec XX como um fio de beleza e humanidade, revelando um país que aprendeu a cantar o amor e a emoção. Nesta exposição propomos um percurso sensível por sua vida e criação, pela alegria e delicadeza com que soube transformar o cotidiano em arte“; analisa a curadora Helena Severo.
A mostra propõe uma viagem afetiva e estética pela vida e pela obra de Vinicius de Moraes – o poeta, diplomata, dramaturgo, jornalista, compositor e cantor que marcou a cultura brasileira do século XX. Organizada em núcleos temáticos, a exposição percorre seus principais eixos de criação: a música, a poesia, o teatro, as artes visuais e as cidades que fizeram parte de sua trajetória.
Entre os grandes destaques está o espaço dedicado a Orfeu da Conceição (1956), peça teatral que inaugurou a parceria de Vinicius com Tom Jobim. O núcleo apresenta croquis originais de figurinos de Lila Bôscoli e Carlos Scliar, cartazes de divulgação de Djanira, Scliar e Luiz Ventura, fotografias de José Medeiros registrando os ensaios da montagem e um desenho em alto-relevo de Oscar Niemeyer para o cenário do espetáculo, que estreou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
O público poderá conferir também alguns instrumentos que pertenceram a Vinicius de Moraes — um piano e um violão —, ambos exibidos pela primeira vez. O piano, utilizado em parcerias como a série Os afro-sambas (1966), com Baden Powell, também foi tocado por Tom Jobim durante ensaios da peça A invasão (1962), de Dias Gomes.
A mostra traz ainda obras inéditas, como gravuras e desenhos de Lasar Segall, Guignard, Di Cavalcanti, Carlos Leão, Oswaldo Goeldi, Augusto Rodrigues e Dorival Caymmi. Entre os destaques, está o quadro “Retrato de Vinicius de Moraes” (1938), de Candido Portinari, produzido em óleo sobre tela e apresentado pela primeira vez no Rio de Janeiro.
As artes plásticas e visuais têm papel fundamental na mostra, reafirmando a convivência de Vinicius com grandes nomes de sua geração. Estão reunidas obras de Portinari, Guignard, Pancetti, Santa Rosa, Cícero Dias, Dorival Caymmi, Carybé e Carlos Scliar, artistas que foram amigos próximos do poeta e com quem ele manteve trocas intelectuais e afetivas ao longo da vida.
“Não se trata apenas de uma mostra linear, didática. A ambição é bem maior: reconstituir visualmente a largueza do espírito de Vinícius de Moraes.”; comenta o curador Eucanaã Ferraz.
Além dos objetos e obras, a exposição exibe cartas e cartões-postais escritos por Vinicius a familiares e amigos, em diferentes períodos de sua vida, especialmente durante o tempo em que viveu fora do país, como diplomata. Esses registros revelam o lado íntimo e afetuoso do poeta, sempre atento às relações pessoais e à saudade do Brasil.
O visitante também poderá ver manuscritos de canções como “Chega de saudade” e “Garota de Ipanema”, exemplares raros de livros e publicações, o pequeno jornal O Mexerico (criado por Vinicius aos oito anos de idade) e o conto “O Corvo”, escrito na adolescência. Documentos, poemas e fonogramas originais completam o percurso, que combina memória, música, literatura e artes visuais para recriar o universo de um artista que fundiu o erudito e o popular em uma mesma linguagem.
“É com muita alegria que o Santander apresenta, em parceria com o Ministério da Cultura e Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, a exposição Vinicius de Moraes – por toda a minha vida. O apoio a essa mostra reforça a importância que a cultura tem para o Santander e, principalmente, nosso compromisso com a sociedade pela valorização do que o Brasil tem de melhor.”; comenta Bibiana Berg, head de Experiencias, Cultura e Impacto Social do Santander Brasil.
A mostra ressalta ainda a obra musical e literária Arca de Noé, lançada por Vinicius em 1980, com ilustrações de Elifas Andreato, voltada ao público infantil. Nesse ambiente fotografável, terá uma reprodução da arca com animais e ambientação com as músicas e desenhos.
Vinicius de Moraes – por toda a minha vida reafirma o legado do poeta como um dos grandes intérpretes do amor e da modernidade, cuja obra permanece viva e presente. Para além de sua produção literária e musical, a exposição evidencia o homem que viveu intensamente as transformações culturais e comportamentais de seu tempo, ajudando a moldar a sensibilidade brasileira.
“É um prazer para o MAR receber esta exposição que rende uma homenagem a Vinicius de Moraes, esse grande carioca, cidadão do mundo, na véspera de seu aniversário. Este é um projeto que reforça a missão no Museu de apresentar mostras que têm a capacidade de dialogar com o público de uma maneira ampla. Vinicius de Moraes é, sem dúvida, um dos mais importantes nomes da cultura brasileira. E o MAR é um equipamento cultural com o objetivo de provocar a discussão e o diálogo sobre a produção cultural do nosso país, das suas gentes.”, ressalta Marcelo Velloso, diretor-executivo do Museu de Arte do Rio.