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A mostra individual promove uma visão utópica do mundo e nos instiga a questionar o destino final dos objetos que descartamos.

A mostra individual promove uma visão utópica do mundo e nos instiga a questionar o destino final dos objetos que descartamos.

Gira, palavra imperativa que expressa movimento. Movimento esse, que o artista Jarbas Lopes faz com os objetos, ressignificando e apresentando obras que propõem interações pautadas pela coletividade. Essa é a ideia da nova exposição do Museu de Arte do Rio: Gira. A mostra individual de Jarbas Lopes, que promove uma utópica visão de mundo, nos instiga, entre outras coisas, a questionar o destino final dos objetos que descartamos. Na exposição, o artista com trinta anos de trajetória na arte contemporânea brasileira, lida diretamente com o espectador, convidando o público a estar no museu e a interagir com as obras criando uma participação ativa com algumas das peças.

O processo criativo de Jarbas permeia uma reconfiguração dos objetos e das experiências estéticas, dando um novo significado e movimento, sempre permeados por um tom crítico. O artista usa objetos que foram descartados nas ruas, como jornais, revistas, faixas de divulgação de shows e até propaganda política, que ganham novos significados. Ele cria ambientes que trazem histórias chaves para ampliar as arestas da arte e usa materiais do cotidiano como carros, bicicletas, tintas e elásticos. Suas esculturas e pinturas interativas fazem uma fusão entre tempo, espaço e circunstâncias práticas e ideológicas como participação coletiva, sociabilidade para espaços públicos e usos compartilhados da cidade.

“Há um bom tempo que eu tenho pensado nesse caminho que as pessoas podem fazer aqui nessa exposição. É um caminho circular. Circular é pra mim uma referência de pensar a minha expressão. O circular é aquela coisa que vai se repetindo. É o ritmo da própria vida e a arte faz parte disso. Eu trabalho as coisas que vão e voltam, evoluem um pouco, mas vão e voltam” conta o artista Jarbas Lopes.

A exposição, que tem curadoria de Amanda Bonan e Marcelo Campos, apresenta cerca de 100 obras que fazem parte da produção do artista, além de trabalhos inéditos e projetos que só existiam até agora no papel. O público vai encontrar diferentes tipos de obras de Jarbas como esculturas, pinturas, fotografias, desenhos, livros, maquetes e instalações.

“É uma exposição que o tempo todo quer o público e convida o público a estar no museu. O público não precisa entender antes de ver. O ver e o entender estão aliados. O que você está vendo é exatamente o que você precisa para entender o trabalho. Cada um pode interpretar da sua maneira, mas a interpretação não é um empecilho para estar em uma sala da exposição do Jarbas. Porque ela também te convida a usar diversos sentidos” ressalta o curador-chefe do MAR, Marcelo Campos.

Na mostra, o público é levado a se questionar sobre a obsolescência dos produtos: por que jogar fora? Quando uma máquina deixa de servir? O que fazer com os restos e sobras? A obra de Jarbas Lopes nos faz refletir sobre os descartes em um Brasil cujas florestas se tornam desertos. De muitos modos, os objetos que o artista nos oferece se mantêm em uso. Enquanto isso, o artista nos convida a ler e a interpretar o mundo. Não há sobras no trabalho dele. Até os restos entram no pensamento de uma outra parte do trabalho.

“A exposição de Jarbas Lopes chega ao MAR num momento muito oportuno: perto da semana do meio ambiente e das discussões da Rio +30. Ele é um artista que traz consciência ecológica em todos seus trabalhos e nos faz refletir sobre a preservação da biodiversidade brasileira. Acreditamos no importante papel do MAR para a discussão, dialogando com a conscientização sobre o futuro dos nossos ecossistemas e com a preservação de toda biodiversidade.” defende Raphael Callou, Diretor e Chefe da representação da OEI no Brasil, organização responsável pela gestão do museu desde janeiro deste ano.

Gira inaugura para o público no dia 18 de junho, com entrada gratuita, e ficará no MAR até o dia 16 de outubro.