Aberta ao público no Museu de Arte do Rio em novembro de 2019, Pardo é Papel, primeira mostra individual de Maxwell Alexandre no país, acaba de ganhar um catálogo digital. Realizada em parceria com o Instituto Inclusartiz, após passagem pelo Museu de Arte Contemporânea de Lyon, a exposição recebeu mais de 60 mil visitantes nos quatro meses em que esteve em cartaz no Rio.
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Maxwell Alexandre, de 29 anos, uma das vozes mais ativas pela igualdade racial na cena artística nacional, retrata em sua obra uma poética urbana que passa pela construção de narrativas e cenas estruturadas a partir de sua vivência cotidiana pela cidade e na Rocinha, onde nasceu, trabalha e reside.
A série “Pardo é Papel” teve início no ateliê do artista carioca em 2017, quando começou a experimentar com o papel pardo. Nesse processo, além da estética potente, Maxwell percebeu o ato político e conceitual que estava articulando ao pintar corpos negros sobre a superfície, uma vez que a “cor” parda foi usada durante muito tempo para velar a negritude.
Para Marcelo Campos, curador chefe do MAR, ao receber Pardo é Papel, o Museu de Arte do Rio e o Instituto Odeon reafirmaram a vocação conquistada pelo museu em sete anos de existência. “Enfrentar o espelho, se reconhecer, escutar, afirmar o que interessa e prosseguir. “Tornar-se. Essas são tarefas para um museu que se coloca em diálogo com uma cidade e sua vizinhança. O museu que nos interessa continuar deve reverter a periferização, transformando-a em autoestima. E, sobretudo, aceitar a pletora de cores já mais do que vivenciada pela cidade que se repensa a cada dia, na luta, no azul celeste dos uniformes escolares e das padronagens das piscinas, onde nos refestelamos aos domingos”, conclui.